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Mais interessante do que o próprio Taj Mahal, a beleza feminina. |
Se tivesse que sintetizar meus 11 dias na
Índia em uma única palavra, eu escolheria
“intenso”. Das pessoas à comida, nada passa indiferente nesta cultura milenar.
Mulheres lindas, maquiadas, enfeitadas, coloridas, vaidosas, independentemente
da classe/casta social. Crianças doces e curiosas, com seus olhinhos já
destacados com cajal. Comida gostosa, picante, aconchegante, do pé sujo ao
sofisticado entre os 100 melhores do mundo. Uma viagem definitivamente
transformadora, em que a todo momento me senti testada e confrontada em minhas
crenças e padrões de comportamento.
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Parque em Hauz Kaus Village |
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Carros e pessoas, do moderno ao tradicional. |
Já no aeroporto de Delhi o primeiro choque
cultural. Não passageiros não podem sequer entrar no aeroporto. Nosso amigo,
portanto, estava nos esperando do lado de fora. No dia seguinte, um rápido
passeio a pé pela cidade já mostra a trilha sonora de todo o período: buzinas,
carros, motos e pedestres disputando seu lugar em faixas mal distribuídas, sem
mão nem contramão. No meio desse caos, um parque bem legal com direito a
laguinho e ruínas de tumbas do período Mughal (domínio muçulmano) em Hauz Kaus
Village, o bairro cool de Delhi, onde as mulheres até usam calça jeans e é
possível ir a um spa receber uma massagem ayurvedica e ver uma bela exposição de
arte. Para começar a adaptação aos sabores, um restaurante com comida típica do
sul da Índia, supostamente menos apimentada. É... Supostamente.
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Dosa, comida típica do sul da Índia: fina massa de arroz e lentilha com molhinhos diversos. No restaurante Navedyam, em Hauz Kaus Village. |
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Fabricação do pão em forno de Tandoori: Karim's. |
E, mais uma descoberta, tudo é uma questão
de referencial. Um dia em Old Delhi, o centro da cidade, fez o bairro onde meu
amigo mora parecer o lugar mais calmo do universo. Entrar Old Delhi é
atravessar um portal em direção ao século passado. Carroças, bicicletas, trajes
antiquados, animais nas portas das lojas. Não bastassem todos os estímulos
visuais e sonoros, aromas (ou odores, não sei) também intensos. Temperos,
fumaça de motor, suor das pessoas, incenso, tudo misturado. Confesso que chegou
a irritar minha garganta. Uma rua para cada coisa, que nem Brasília. Rua dos
livros, rua dos temperos, rua das roupas, rua das peças de automóveis. E ao
final de tudo isso, o prêmio: pão assado em forno tandoori molhado no curry de
vegetais, apimentado pra caramba, mas com gosto de comida de mãe. O lugar é o
famoso pé sujo local, o Karim’s, citado até nos guias turísticos mais
conhecidos.
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Old Delhi, um portal para o século passado. |
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Spice market: rua dos temperos. |
Aliás comida boa foi uma grata surpresa na
viagem. Fui um pouco receosa por causa do que todos dizem sobre as más
condições de higiene e sobre a péssima qualidade da água, mas tomadas as
devidas precauções de não comer comida de rua nem ingerir alimentos crus, não
tive nenhum tipo de desconforto. O desafio mesmo é se acostumar com a pimenta.
E em Delhi é possível ter uma refeição régia por 5 ou 100 reais. E o mais
legal. Esses lugares onde se paga 100 reais por pessoa estão entre os melhores
restaurantes do mundo, como o Chinese Kitchen no hotel Hyatt, o Indian Accent
no hotel The Manor e o Travertino no hotel Oberoi.
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Legumes ao gergelim ao molho picante: delícia fusion do Indian Accent. |
Conforme esperado, a religiosidade está em
toda a parte. Nos painéis dos carros e rickshaws, no templo de cada esquina, na
temática do espetáculo de dança, nos rituais à margem do rio Ganges, na
peregrinação de multidões às cavernas Jhilmil, que ficam no topo das montanhas que rodeiam o Ganges na
cidade de Rishikeshi e onde os sadhus
recebem os fiéis para coletar oferendas e dar suas bênçãos.
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Figuras em um singelo templo em Delhi. |
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Peregrinos a caminho das cavernas Jhilmil. |
Bem ao contrário do esperado, a
espiritualidade, por sua vez, não salta à vista. Yoga e meditação são práticas
elitizadas, até na Índia. E discernir o charlatão do genuíno, uma missão quase
impossível. Passamos cinco dias em Rishikeshi, a capital mundial do yoga,
tentando fazer uma prática “de verdade”, receber uma massagem ayurvedica “ de
verdade”, fazer uma meditação “de verdade”. Tudo isso para descobrir que se
trata de uma busca inócua. Não porque não haja profissionais sérios lá. Mas
porque o genuíno é, no fim das contas, o que toca a gente. Como a energia
sentida ao chegar pela primeira vez à margem do rio Ganges ou um pequeno puja
(ritual de oferendas) no próprio hotel ou praticar com um bem humorado yogui de
105 anos de idade. Ou simplesmente a companhia de velhos amigos queridos e dos
novos que se somaram ao longo do caminho.
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Amigos de longa data se deliciando no Purple Dabha em Rishikeshi. |
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Amigas e companheiras de aventura, no topo das montanhas que cercam o Ganges. |
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Direto da Polônia, novas comidas e novas amizades. |
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